sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Hoje entrevista com uma pessoa que é muito gente fina de verdade.Renatho obrigado por tudo mesmo! Estou lendo o livro dele e logo logo teremos resenha! =D



1 - Quando começou essa sua paixão por livros? E por escrevê-los?
É difícil precisar uma data. Lembro-me de que sempre tive livros em casa e, aos poucos, fui descobrindo que poderia ser muito divertido lê-los. Acho que durante o ensino médio tive a oportunidade de ter bons professores e o gosto pela literatura foi acentuado. Paralelamente a isso, fui descobrindo o prazer de ler os autores do período ultra-romântico e mesmo os alternativos (Kerouac). Também comecei a ler livros de suspense e textos teatrais... daí não parei mais! Agora; escrever um livro não era uma de minhas metas principais. Meu fascínio sempre foi pelo cinema e o que aprendi a escrever primeiro foram roteiros. Depois passei para as peças teatrais e, somente quando percebi que tinha um bom domínio sobre tramas que me aventurei a escrevê-lo. Minha dúvida era se conseguiria manter o interesse do leitor por tantas páginas! Mas não escrevi imediatamente um romance, passei pelos contos e depois por alguns exercícios literários (tentativas de dominar a técnica literária através da escrita de vários pequenos textos). Acho que quando decidi escrever “Os meninos de Gateville” já me sentia à vontade com a estrutura de um romance, por isso o processo de escrita foi mais prazeroso que doloroso!

2 - Todos nós temos algum tipo de influência, você teve influência de alguém por esse amor aos livros e por escrever?
Meus pais não eram muito de ler, apesar de disponibilizarem os livros. Mas durante minha vida inteira tive muito contato com uma tia (Ju) e minha prima (Erê) que liam demais e sempre me mostravam novidades (instigavam-se a conhecer novos estilos e não somente aquele que já gostava, inclusive, o gosto pela política). Até mesmo a possibilidade de conhecer outros estilos musicais veio através delas (e músicas de muitos lugares do mundo também)! No entanto, com relação ao ato de escrever, entendo que os culpados foram o cinema e a televisão. As tramas de filmes e novelas sempre pairaram pela minha cabeça e aos poucos comecei a prestar mais atenção sobre a maneira com que eram criadas. Também, escrever pareceu-me um ato muito prazeroso pela capacidade que temos de construir um mundo conforme nossa vontade. Acho que ao escrever meus textos tinha a possibilidade de realizar o que não dava para fazer na vida real! Também sempre freqüentei o teatro (desde criança) e isso me fez pensar em como as palavras chegavam às bocas dos atores. Todo esse processo de descoberta da dramaturgia, misturado com uma adolescência em que nos revoltamos com o mundo, foi o cenário ideal para que eu começasse a escrever (ainda guardo minhas histórias daquela época, mas apenas para perceber que melhorei bem! rsrs). E minha mãe sempre me estimulou a escrever dando todos os instrumentos para isso!
3 - Como foi o processo de enviar o original para as Editoras?!
Essa foi a parte mais complicada, pois não conhecia muito bem o mercado editorial. Sempre levei meus textos teatrais aos atores e/ou cias teatrais que me interessavam e esperava que eles lessem e me dessem o retorno sobre uma possível montagem do texto. Nem sempre conseguia chegar a quem pretendia, mas tudo era mais simples. Por isso que quando terminei de escrever “Os meninos de Gateville” logo encaminhei a duas editoras e esperei que eles me dessem um retorno, seja ele qual fosse. Mas o fato é que as editoras recebem muito livros e alguns demoram até um ano para darem um retorno sobre o interesse na publicação. Das duas que enviei inicialmente, somente recebi uma negativa. A segunda sequer se pronunciou. E mesmo a negativa não expunha o que o livro teria “de ruim” para não ser publicado. Mas como não tive resposta da editora, pensei em reavaliar o material que tinha escrito. Daí pedi a um amigo que é escritor e editor (Felipe Greco) que desse uma lida no livro. Ele, muito generosamente, fez a leitura e apontou algumas questões que poderiam melhorar o livro.
Em poucos dias fiz algumas alterações e resolvi encaminhar os originais para a Novo Século porque já havia em sua linha editorial os livros do André Vianco (que apesar de não serem exatamente sobre o que escrevo, tinham certa dose de suspense e terror). Enfim, em aproximadamente três meses tive o retorno da editora e aceitei a proposta de publicar o livro. Também havia a possibilidade de lançamento na Bienal Internacional do Livro desse ano, dentre outras coisas. O editor, à época, percebeu o potencial da obra e desde então só tenho tido um retorno positivo. Mas todo o processo é bem lento... contudo, a satisfação de ver a obra publicada é indescritível... acho que somente se compara ao momento em que vejo os atores trabalhando com meus texto!!!

4 - De onde veio a ideia de escrever um livro? E a história de “Os meninos de Gateville”? De onde surgiu?
Surgiu da necessidade de me testar, de saber se eu teria condições de escrever algo extenso e que conseguisse prender a atenção do leitor. Tentar construir um clima de suspense que, ao mesmo tempo provocasse o leitor e o instigasse a virar a próxima página! E, com isso em mente, resolvi tentar construir algo da dimensão do que foi o filme “As bruxas de Blair”, no momento de seu lançamento (não a qualidade do filme, mas o que representou!). Queria criar uma trama que deixasse o leitor em dúvida se os fatos ali narrados seriam reais, ou não. Daí convidei um amigo (web designer) para idealizarmos um site no qual um personagem sairia pelo mundo à procura de um criminoso que teria assassinado, de maneira hedionda, uma menino de dez anos. Todo o processo de investigação do crime seria narrado no site no intuito de levar as pessoas a tentarem contribuir com a resolução do crime. As pessoas teriam de acreditar no crime e, por isso, utilizávamos alguns elementos reais para criar a dúvida... Mas o site não conseguiu levantar recursos e o projeto foi arquivado. No entanto, fiquei com os diários que já tinha escrito sobre a investigação do crime... Algum tempo depois, quando resolvi me aventurar na escrita de um livro, esse material me pareceu muito interessante. Eu queria que fosse um suspense, com o clima policial dos romances que sempre li e com um pouco de Arquivo X!!! rs Enfim, reuni os diários, utilizei algumas referências de lugares que conhecia e comecei a traçar as linhas do que dariam em “Os meninos de Gateville”, um crime abominável, mas que as pessoas se envolvem em sua resolução e no drama do personagem principal (Jimmy)... ao meu ver, tão rico quanto o crime que ele investiga!

5 - Você se identifica com algum dos personagens do livro? Se sim, porque se identifica e como poderia resumir esse personagem para nós?
Talvez seja chavão o que vou dizer, mas acredito que sempre há muito de nós nos personagens que criamos. Seja no que mais abominados, seja no que gostamos, seja no que gostaríamos de ser/fazer ou não ser/fazer. Nesse sentido, acredito que pela própria narrativa do livro ser em primeira pessoa, a tendência de buscar aproximações com esses aspectos é flagrante. Mas quando leio “Os meninos de Gateville” acho que o personagem principal, Jimmy, é tão distante de mim que nunca poderia conhecê-lo. Por outro lado, muitos dos lugares por onde ele passa, eu já estive, o que faz com que ele expresse seus sentimentos por esses lugares a partir do que eu imagino ser... É meio estranho isso, mas não só nele há um pouco de mim... a Sra. Stein é a pessoa mais gentil e amável que já imaginei... gostaria de ser mais como ela, mas isso acho difícil. Então, há projeções de mim em muitos personagens... e de amigos ou “inimigos” também. Sempre faço homenagens às pessoas conhecidas em meus textos teatrais, e, nesse romance também fiz. E o mais legal é quando as pessoas se reconhecem nos personagens ou passagens e vêm falar comigo. Também, como disse, fica mais legal porque existem alguns elementos reais que fazem com que a trama fique mais próxima do leitor!

6 - Para você, qual a importância das redes sociais e blogs para com autores e suas obras?
São fundamentais. Antes de começar a entender o universo literário, imaginava que o livro estando na vitrine de uma grande livraria seria o suficiente para chegar ao leitor. Grande equívoco. Isso é importante e mexe com o ego prazerosamente, mas o mais interessante é saber o que as pessoas pensam sobre o que foi escrito. Receber críticas (positivas ou negativas) e poder compartilhá-las. Daí, não há melhor espaço do que no mundo virtual onde os blogs literários se entrecruzam. Assim, a obra passa a ganhar espaço e o público vem a saber que ela existe. E as redes sociais também cumprem esse papel. Muitas pessoas chegaram ao meu livro a partir de um post no Facebook, Orkut ou Filmow. Também tem o Skoob, que é muito interessante... Não consigo imaginar outra forma de divulgação, exceto se você tiver fortunas para colocar comerciais durante o intervalo da novela das oito!!! rsrs

7 - Você tem um gênero de livros preferidos? Poderia citar algum de seus livros favoritos?
Suspenses, dramas e policiais. Suspenses, comecei a gostar quando descobri Agatha Christie, daí li vários de seus livros. Sherlock Homes também me atraiu muito, mas gostaria de falar de Rubem Fonseca e Patrícia Melo. Gosto muito deles. Stephen King também li muita coisa, mas não escrevo como ele, o universo dele me interesse pela capacidade de criar situações fantásticas a partir de pequenos detalhes do cotidiano. E Gabriel García Marquez, esse mudou minha vida quando li Cem Anos de Solidão. Um drama épico, que tive de montar até um organograma para saber quem era quem na história, mas que me prendeu de tal forma que fiquei alucinado. E entendi um pouco melhor o que Tolstoi queria dizer com “fale de sua aldeia e estará falando do mundo”.

8 - Há projetos de novos livros além de Os meninos de Gateville?
Tenho sim... tinha feito algumas anotações há muito tempo e voltei a relê-las no começo desse ano. Dalí tenho trabalhado desde então. Será mais uma trama de suspense ambientada, inicialmente, na cidade de Guaratuba (PR), durante o período em que o ex-ditador paraguaio esteve por lá. Essa trama envolverá alguns jovens que estava na cidade para comemorar a formatura de ensino médio enquanto aguardavam o início das aulas na universidade. Tem, além do clima de mistério que alavancará um monte de acontecimentos, um sentimento de rito de passagem. Ou seja, ali esses jovens estariam entrando na vida adulta com a volta das férias e início das aulas na universidade. Por isso o título provisório é “O último ano do começo de nossas vidas”. Mas tudo isso está envolto num crime pavoroso e estranho demais! Bom, ainda estou escrevendo... pode ser que algumas coisas mudem!
9 - Agora vamos fazer 1 “bate-bola”:
Comida predileta: Big Mc
Música preferida: Times Like These
Livro Preferido: Cem Anos de Solidão
O que gosta de fazer em tempos livres?: Assistir filmes
Alguma mania?: Sempre formatar a página antes de escrever qualquer coisa... senão tenho um bloqueio e não consigo escrever ou pensar!
Literatura pra você é: Um caminho para o prazer, entretenimento, conhecimento... entendo que seja o grande portal para a vida... e a única coisa que precisa é saber ler!

10 - Mais uma entrevista acabando. Adoro saber 1 pouquinho a mais sobre os autores! Muito obrigado pela entrevista e pela simpatia com o “Leia 1 Livro”! Por último, deixe algum recado para os leitores do blog, e fale 1 pouco sobre “Os Meninos de Gateville”.
Antes de mais nada, como disse anteriormente, acho que os blogs são fundamentais para que um livro chegue ao público. Por isso, quero dizer que gosto muito de estar presente nesse blog e conversar com seus seguidores e com todo mundo mais que se interessa por literatura e acessa o blog para saber de novidades! Os blogs, muitas vezes, descobrem as novidades antes da mídia convencional... por isso que os acompanho! Bom, quanto ao “Os meninos de Gateville”, gostaria de convidar as pessoas a iniciarem a leitura dele. Tenho recebido vários e-mails de pessoas que dizem tê-lo lido em dois dias... e são 320 páginas!!! Acho que consegui criar uma trama que instiga o leitor a querer conhecer mais... e para que eu tenha certeza de que estou no caminho certo, gostaria de que as pessoas lessem o livro e criticassem abertamente! Preciso aprender muito agora para que o próximo livro saia melhor que o primeiro. Então, que os apreciadores de suspense dêem uma oportunidade a si de conhecer algo diferente!

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